Salvaguarda do Carimbó tratou também de outros temas, como a revalidação da manifestação, previsto para 2024
Na última quarta-feira (6), o mestre Derci cantou: “A moçada de hoje diz: carimbó não é pra mim, carimbó é dança de velho, mas ele pode dançar sim”. A reunião do Coletivo Deliberativo da Salvaguarda do Carimbó, realizada em Belém (PA), contou com a participação do Comitê Gestor, formado por comunidades carimbozeiras e técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O objetivo do evento era avaliar as ações de promoção e sustentabilidade do carimbó, visando à elaboração dos próximos passos do Iphan e carimbozeiros no estado do Pará. A programação teve oficinas, espaços de debates e, claro, rodas de carimbó do início ao fim da reunião.
Coletivo Deliberativo da Salvaguarda do Carimbó
Após um período sem debates, o evento do Coletivo Deliberativo da Salvaguarda do Carimbó marcou a retomada dos encontros voltados para a salvaguarda do bem. No decorrer da programação, o Iphan expôs o processo de revalidação do carimbó, que deve ser realizado no ano que vem, quando se completam dez anos de história desde o registro da manifestação como Patrimônio Cultural do Brasil. No entanto, o processo não prevê a perda do reconhecimento, mas sim a análise das políticas realizadas nos últimos anos, bem como das transformações pelas quais o carimbó vem atravessando.
De acordo com a superintendente do Iphan no Pará, Cristina Vasconcelos:
“Nessa retomada dos diálogos a respeito da salvaguarda do carimbó, é muito importante ter consciência do quem somos nesse patrimônio cultural tão nosso. E vocês, mestres e mestras, melhor do que ninguém, podem dizer como devemos fazer essa salvaguarda.”
E ainda completou:
“É isso que a gente precisa. Estar unidos, num único pensamento, voltados para fazer com que o carimbó seja levado para outras gerações. O Iphan é apenas instrumento mediador disso, instrumento de abertura de diálogo.”
Carimbó e salvaguarda
Registrado como Patrimônio Cultural do Brasil desde 2014, o carimbó tem origem na Amazônia colonial, a partir de “influências culturais de índios, negros e europeus (portugueses)”, como define o dossiê de registro do bem. Com música, festa e dança, por todo o estado do Pará, a manifestação é “comumente divulgada como uma das mais significativas formas de expressão da identidade paraense e brasileira”, afirma o dossiê.
Reprodução e sustentabilidade do bem
Além disso, desde o reconhecimento, o Instituto executa ações com o objetivo de promover a reprodução e sustentabilidade do bem. Em 2017, foi realizado o prêmio “Carimbó nosso patrimônio”, conferido a 25 mestres, mestras e grupos. Também foram promovidos congressos cujo objetivo era elaborar políticas públicas para as comunidades. Durante a pandemia de Covid-19, houve ações online como o “Patrimônio Cultural em Casa”, bate-papo musical mestres e mestras. EPor sua vez, em 2021, o 3º Congresso Estadual do Carimbó lançou o Plano de Salvaguarda do bem, com as ações previstas para os próximos dez anos.
*Foto: Reprodução/flickr.com/photos/26404838@N06/2760546571