Turismo ferroviário tenta alternativas para sobreviver à crise, operando com redução de capacidade e protocolos sanitários reforçados
O que antes era uma volta ao passado que muitas pessoas gostavam de vivenciar, hoje a história diferente. Em razão da pandemia, o setor de turismo ferroviário perdeu grande parte de sua demanda. Sendo assim, linhas de trens estudam alternativas de se manter enquanto a crise não acaba.
Turismo ferroviário na pandemia
A oportunidade de viajar no tempo sempre chamou a atenção da gerente de loja Denise Leme, 39 anos e de sua família. E foi assim que no começo de janeiro, ela conheceu o Trem Republicano. O trem realiza o trajeto, que liga as cidades de Itu e Salto, desde dezembro de 2020.
Segundo Adonai Aires de Arruda, diretor presidente da Serra Verde Express, operadora do serviço:
“A nossa expectativa é de um resultado muito positivo com o tempo, mas, por enquanto, vamos ter que aguardar mais um pouco até que a crise dê folga para que possamos colocar o pé no acelerador com mais força.”
Em uma operação cautelosa, o Trem Republicano pretende transportar neste ano 65 mil passageiros. Apesar de dificilmente ser alcançado este resultado, o protocolo sanitário permite no máximo 70 pessoas divididas nos três vagões (50% da capacidade total).
Capacidade de operação reduzida
O mesmo ocorre com a Maria Fumaça de Campinas. Ela opera em queda desde a pandemia, com apenas 70% do público. Isso aconteceu porque boa parte de seus passageiros são idosos ou estudantes (aulas suspensas), afirma o gerente geral Vanderlei Alves da Silva.
Contudo, a Maria Fumaça teve de se adequar aos novos tempos. Isso inclui o local de partida, que antes era em Jaguariúna e agora é em Campinas. Em cada vagão a lotação máxima é de 25 pessoas (40%).
“Poderíamos andar até com um trem maior, de até 15 carros, para levar mais pessoas, mas, para evitar aglomeração na plataforma, diminuímos para seis.”
Trem Republicano
Voltando à história do Trem Republicano, sua importância vem do fato de poder realizar uma viagem no tempo. Em pouco mais de sete quilômetros de trilhos que ligam as cidades de Itu e Salto, a operação foi inaugurada em 19 de dezembro. O trajeto dura uma hora em um percurso que remonta ao século 19.
O projeto entre Itu e Salto foi batizado em homenagem à Convenção de Itu, realizada em 1873, o primeiro acordo que deu início à campanha pela proclamação da República, efetivada 17 anos depois.
Personalidades históricas
Além disso, o trem homenageia três personalidades da região em cada vagão. São eles: o ator Anselmo Duarte (natural de Salto), que conquistou a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes; Olímpia Fonseca de Almeida Prado, uma das proprietárias do local onde a Convenção de 1873 foi realizada; e Prudente de Moraes, primeiro presidente eleito pelo voto direto na República.
Guias turísticos enriquecem o trajeto, contando fatos sobre o trem, as cidades e a Convenção Republicana. Um deles diz respeito à velocidade (15 km) já que o trajeto possui muitas curvas, subidas e descidas.
A locomotiva utilizada, afirma Arruda, é de 1952, e os vagões são da década de 1960. Todos foram reformados para o projeto, assim como as estações.
Serviço
Trem Republicano – para mais informações acesse o site oficial.
Saídas diárias às 9h (a partir de Itu) e às 14h30 (a partir de Salto)
Bilhetes entre R$ 77 e R$ 101 (somente o trecho)
Maria Fumaça de Campinas – para mais informações acesse o site oficial.
Saídas aos sábados e domingos a partir de Campinas (às 10h até Jaguariúna e às 15 até Tanquinho)
Bilhetes entre R$ 60 e R$ 120 (ida e volta)
*Foto: Divulgação