Primeira cidade do interior do Rio Grande do Sul a ter um shopping center, São Leopoldo, não terá um segundo empreendimento neste segmento, por enquanto, embora seu anúncio tenha sido feito há oito anos.
A Construtora Brasília Guaíba (CBG), responsável pela construção do shopping Luzes do Vale, que seria erguido na Avenida Arnaldo Pereira da Silveira, no bairro Santos Dumont, a poucos metros da RS-240, entrou em recuperação judicial em 2015. No ano passado, foi negociada a venda do terreno para a MRV Engenharia construir um condomínio residencial no local. Já o dinheiro negociação foi utilizado para pagamento de encargos trabalhistas e de credores.
Shopping – construtora
Fundada em 1934, a CBG ficou famosa por projetos, que incluem construção de barragens, gasodutos, pontes e viadutos, e também por obras de terraplanagem e pavimentação de rodovias.
O Luzes do Vale seria seu primeiro shopping Center. De acordo com André Loiferman, diretor-presidente da CBG, a companhia era basicamente dedicada a obras de infraestrutura do setor governamental, e sendo diretamente prejudicada pela crise econômica de 2015. Loiferman explicou ao Jornal VS que:
“A maioria das construtoras optou pela recuperação judicial para evitar a quebra. Os governos, tanto federal, quanto estadual, começaram a atrasar o pagamento pelas obras realizadas e suspensão de novas licitações criaram essa situação de desequilíbrio nas grandes empreiteiras. A decisão de cancelar a obra do shopping foi dessa época e entrou como parte da nossa recuperação judicial.”
Ele ainda ressaltou que o mercado de shoppings tem sido cada vez mais comprimido. A dívida da Brasília Guaíba, conforme consta em seu processo de recuperação judicial, atingia o patamar de R$ 172 milhões em 2015, aproximadamente R$ 230 milhões com correção monetária. O terreno em São Leopoldo e o projeto de construção do shopping foram avaliados recentemente em R$ 16,1 milhões, e foi vendido por R$ 8,1 milhões.
Negociação da venda do terreno do shopping
Laurence Medeiros, administrador judicial da Construtora Brasília Guaíba, afirma que a venda da área, junto ao projeto da construção do shopping, fazia parte do plano de recuperação judicial:
“Porém, não houve interessados. Então, foi vendido apenas o terreno para a MRV, e o plano do shopping foi cancelado.”
Em comunicado, a MRV divulgou vai construir os empreendimentos: Porto Frankfurt (já lançado) e Porto Munique (ainda não lançado). Em um trecjo da nota, consta o seguinte:
“A área foi adquirida com a proposta dos empreendimentos e o mesmo foi informado no processo de recuperação judicial da empresa Brasília Guaíba.”
Entenda o caso
O Shopping Luzes do Vale seria construído na área onde operava o antigo aeroclube da cidade. Justamente por isso, o projeto priorizava conforto em um ambiente natural com muita luminosidade externa, natureza e transparência, além de contar com planejamento de acessibilidade, atendendo os residentes dos municípios de São Leopoldo, Novo Hamburgo, Sapucaia do Sul, Esteio e Canoas.
A construção ainda previa que o shopping contasse com quatro lojas âncoras, 363 lojas satélites, salas de cinema e 850 vagas de estacionamento, e um segundo prédio onde funcionaria o Power Center, um centro comercial aberto com duas lojas âncoras e 34 lojas satélites.
Processo de recuperação de uma pedreira
Além do Shopping Luzes do Vale, uma pedreira situada no bairro Rincão do Cascalho, em Portão, também entrou no plano de recuperação judicial da construtora.
O terreno está avaliado em R$ 1,9 milhão e as jazidas, em R$ 6,7 milhões, somando R$ 8,7 milhões. Na liquidação forçada, caiu para R$ 5,2 milhões. Segundo Medeiros, está prevista a formação de uma UPI (unidade produtiva isolada) e a venda dela no processo de recuperação judicial.
Fonte: Jornal VS
*Foto: Divulgação