Centro de inteligência artificial, localizada no interior paulista, é financiado pela IBM, Fapesp e USP
A cidade de São Carlos, no interior de São Paulo, começa a traçar um novo capítulo de sua economia com a criação de um centro de inteligência artificial (IA), um doa mais avançados do Brasil. A iniciativa deve dar mais oportunidades a startups e grandes empresas interessadas em ter acesso à expertise local.
Centro de inteligência artificial
São Carlos, fundada há 162 anos, conta com uma população de 250 mil e fica a 230 km da capital paulista. A cidade é conhecida por ter um doutor para cada 100 habitantes, de acordo com pesquisa USP (Universidade de São Paulo), ou seja, média em torno dez vezes maior que a nacional.
Desde março de 2019, a cidade conta com a Semana de Economia Solidária de São Carlos, que se preocupa com movimentos sociais da região, com intuito de fazer a economia girar.
A tradição ganhará o reforço com o núcleo de centro de pesquisas de IA, que conta com financiamento da IBM, Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e USP. O centro focará em aplicações de IA nas seguintes áreas: aprendizado de máquina, agronegócio, finanças, óleo e gás, meio ambiente, processamento de linguagem natural e saúde.
Conforme o professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP e membro do comitê gestor do centro de inteligência artificial, Fernando Osório, que vai iniciar suas atividades em março, o espaço é como um oásis da academia brasileira declara à Forbes Brasil:
“Estamos passando por uma crise de financiamento em pesquisa, mas a área de IA está protegida e privilegiada, tanto em nível estadual quanto federal.”
Além disso, o ICMC registrou um crescimento de 25% no interesse em mestrando em IA, o que beneficia startups. É o caso da desenvolvedora de software de gestão fiscal Arquivei e a construtech Ambar, além de firmas menores como a Onni, que utiliza tecnologias emergentes (veículos autônomos) em sua oferta de mercadinhos self-service para condomínios, e a Inffino, um brechó online que utiliza machine learning para identificar a autenticidade de suas bolsas de luxo.
Setor privado
Para Bruno Balbinot, fundador da Ambar, a presença da USP e da Universidade Federal de São Carlos são importantes para adquirir know-how:
“Sem empreendedores, capital de risco e demanda de mercado, a universidade vai ficar só produzindo papers.”
Já para a professora do ICMC Solange Rezende, uma das maiores autoridades em processamento de linguagem natural no Brasil, a academia quer aplicar sua pesquisa fora do ambiente virtual:
“O que faltava era a proximidade com o empreendedorismo, e agora temos essa interação.”
Onovolab
Instalado em uma antiga tecelagem de 20 mil metros quadrados, o centro de inovação independente Onovolab possui um papel de interlocutor entre as pontas do ecossistema. Entre as empresas baseadas nestes espaço, podemos citar: iFood, Deloitte, Electrolux, Fleury, Roche e Serasa Experian, que encomendam projetos, afirma o diretor de transformação digital da Electrolux, Antonio Mandalozzo:
“Nossa fábrica de São Carlos é uma das mais modernas do grupo, e no contexto de indústria 4.0 falamos muito em usar os dados que vêm das fábricas. Ter acesso a pessoas capacitadas para isso é essencial.”
De acordo com o CEO do Onovolab, Anderson Criativo, a aevolução intelectual de São Carlos deve atrair mais ainda companhias carentes de expertise:
“A união de players que atraem o interesse do mercado para iniciativas de inovação e atores que desenvolvem pesquisa em uma área tão estratégica como IA posicionam a cidade como centro de referência e um dos principais ecossistemas de inovação do Brasil.”
Fonte: Forbes Brasil
*Foto: Reprodução