Ricardo Knoepfelmacher antecipou que mais de um terço das empresas vão enfrentar dificuldades financeiras se a Selic permanecer alta
Com a taxa Selic elevada e o dólar em alta, a inadimplência das empresas atinge níveis preocupantes. Segundo dados do Serasa Experian, cerca de 7 milhões de empresas estão inadimplentes, representando um terço do total de companhias no país. O ano de 2025 promete ser ainda mais desafiador para as corporações, especialmente aquelas com altos níveis de endividamento.
Especialistas alertam que o aperto no crédito e o alto custo da dívida podem levar ainda mais empresas a enfrentarem dificuldades financeiras. Ricardo Knoepfelmacher, consultor da RK Partners, prevê que mais de um terço das companhias não conseguirá honrar seus compromissos caso a Selic permaneça elevada.
O problema se agrava com a restrição do crédito, uma vez que bancos e investidores estão cada vez mais seletivos na concessão de financiamentos. Segundo Ricardo K, muitas companhias precisarão reavaliar seus modelos de negócio, reduzir custos operacionais e buscar alternativas de reestruturação para evitar a falência.
Impacto da alta dos juros
A taxa básica de juros, que começou em 2024 com a expectativa de encerrar o ano em 9%, foi elevada pelo Banco Central ao longo dos meses e atingiu 12,25% em dezembro. Projeções indicam que a Selic pode ultrapassar os 15% em 2025, tornando o crédito mais caro e dificultando a recuperação financeira das empresas endividadas.
Em entrevista concedida ao portal Estadão e publicada no final de 2024, o economista-chefe do Serasa Experian, Luiz Rabi, explicou que o aumento dos juros tem um efeito direto sobre a inadimplência empresarial.
No mesmo artigo, Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, alertou que as empresas terão que adotar medidas drásticas para enfrentar o novo cenário, como cortes operacionais, demissões e ajustes financeiros para lidar com os altos custos da dívida.
Recuperação judicial e reestruturação extrajudicial
Com o aumento da inadimplência, um dos caminhos mais utilizados pelas empresas é a recuperação judicial e extrajudicial. Em 2024, os pedidos de recuperação judicial aumentaram 73% em relação ao ano anterior, atingindo 1,7 mil empresas. No mesmo período, a recuperação extrajudicial cresceu significativamente, ultrapassando R$31 bilhões, um aumento de 300% em relação a 2023.
Segundo Knoepfelmacher, a recuperação extrajudicial tem sido cada vez mais utilizada por permitir negociações diretas entre credores e devedores, evitando processos longos e custosos.
Entre as empresas que passaram por esse processo estão gigantes como InterCement, Casas Bahia, Araguaia Níquel Metais e Tok&Stok. Todas buscaram alternativas para renegociar suas dívidas e adequar seus modelos de negócio ao novo cenário econômico.
Perspectivas para 2025
A previsão de especialistas é que o cenário macroeconômico melhore se o governo implementar medidas eficazes de controle fiscal e garantir estabilidade nas contas públicas. No entanto, a alta da Selic e a valorização do dólar devem manter a pressão sobre as empresas ao longo de 2025.
Ricardo K indica que a solução passa por gestão eficiente e negociações assertivas com credores. Segundo ele, em consequência da política monetária de contração, as empresas precisarão se adaptar rapidamente para sobreviver. A reestruturação e o planejamento financeiro serão fundamentais para atravessar a crise.
Referência em reestruturação empresarial
Ricardo K é um renomado consultor empresarial com mais de 25 anos de experiência em reestruturação de negócios. Destacou-se na recuperação de empresas como Bombril e PDG, além de outros 96 processos de reestruturação.
Economista pela UnB e com um Master’s in International Management pela Thunderbird School, é CEO da RK Partners, uma das principais consultorias do Brasil. Ele é membro da Turnaround Management Association (TMA), palestrante internacional e conselheiro independente em diversas empresas.