O Consciência Sine capacita pessoas em situação de rua para retornar ao mercado de trabalho, e os que completaram os cursos tiveram a chance de participar de entrevistas de emprego
O programa Consciência Sine desenvolvido pelo Sine Municipal de Porto Alegre formou sua primeira turma na semana passada. O curso iniciado em julho deste ano capacitou 64 moradores de rua ou albergados que resolveram se dedicar aos estudos realizados, na Escola do Trabalhador, espaço do Sine focado no aprendizado profissionalizante. Além disso, boa parte dos alunos conseguiu obter mais um certificado, aumentando ainda mais as chances de conseguir um emprego.
Porém, como o Sine sabe que só uma qualificação não é o bastante, a entidade preparou uma cerimônia de formatura em que foram convidadas empresas parceiras que pudessem promover a reintegração desses candidatos ao mercado de trabalho. O evento foi realizado na sede da instituição, no Centro Histórico e logo após os recém-formados foram encaminhados a entrevistas de emprego.
De acordo com a entidade, graças ao programa Consciência Sine, seis companhias parceiras se comprometeram a entrevistas os moradores de rua e albergados. Dentre estes parceiros, a maioria era ligada ao setor de serviços, que costumam ser terceirizados, como limpeza, portaria e segurança.
Programa Consciência Sine
O Consciência Sine nasceu da parceria entre a entidade com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Esporte (Smdse). Seu funcionamento consiste em a Diretoria de Direitos Humanos da pasta encaminhar as pessoas de albergues, centros de referência ou frequentadores do almoço promovido todos os dias pelo Ginásio Tesourinha para estes cursos de capacitação. As aulas foram ministradas por profissionais da Universidade de Brasília (UnB), por meio da modalidade de ensino à distância. Sobre o curso, a secretária e titular da Smdse, Nádia Gerhard ressaltou a importância do trabalho desenvolvido pelo Sine:
“Eu sei que todos que estão aqui não querem nada de graça. Por isso, vamos seguir com esse esforço para gerar oportunidades para vocês. O que dignifica o homem e a mulher é o trabalho”.
Apesar dos cursos do programa só terem sido encerrados semana passada, muitos alunos aproveitavam o período de ensino para se candidatar a outras vagas que já estavam disponíveis no local de estudos. De acordo com Paulo Diego Pinheiro, coordenador do Consciência Sine, seis participantes do projeto já conseguiram retornar ao mercado de trabalho.
Consciência Sine e o mercado de trabalho
É o caso de Luís Miguel de Jesus Vilodre, de 36 anos, que vivia de passagem em albergues de Porto Alegre e estava há mais de dois anos sem conseguir um trabalho fixo. Ele aproveitou a oportunidade do Sine para voltar ao setor de emprego formal. Ele ainda ressaltou:
“Retirei meus dois certificados hoje. Fiz os cursos de cuidador de idosos e de espanhol aplicado ao trabalho. E já consegui um contrato temporário como segurança no Parque Harmonia, durante a Semana Farroupilha”.
Coleção de certificados
Já para o albergado Carlos Leandro Ferreira, de 48 anos, a oportunidade de se dedicar aos estudos fez com que ele conclui-se oito cursos. E não parou por aí, em breve ele vai obter mais quatro qualificações. Além disso, Carlos foi o recordista de certificados entre os participantes da primeira turma do Sine Municipal.
Apesar do aprendizado adquirido, ele não esconde a incerteza em conseguir de fato um emprego com carteira registrada. Pois, ele ficou cinco anos sem trabalho fixo. Ele já realizou entrevistas com todas as empresas parceiras do programa Consciência Sine. Ele destaca que sua maior experiência é como garçom, função a qual domina sobre o modo correto de servir as pessoas, além de conhecimento sobre vinhos e espumantes. Ele conclui:
“No momento, o importante é que esses cursos me ajudem a conquistar uma oportunidade. Todo o aprendizado que tive nesse tempo de estudo me proporcionou ver um novo caminho para a vida”.
Metas
Outro relato é de Rogério Luís da Silva Martins, 50 anos, e que há 20 vive entre as ruas e albergues. No entanto, ele quer agora almeja um emprego formal, pois só os bicos não dão conta de seu sustento. No período de estudos no Consciência Sine, ele se formou em quatro cursos, como os de agente comunitário de saúde e agenciamento de viagens. Com isso, Martins deseja:
“Foram duas áreas que me despertaram muito interesse. Sempre obtive muito auxílio das pessoas dos centros de assistência social. Se eu conseguisse entrar nesse campo como agente comunitário, ia ser uma forma de devolver toda a atenção que sempre recebi”.
Fonte: portal Gaúcha ZH
*Foto: Divulgação / Tadeu Vilani – Agência RBS