A pandemia abalou nossa vida de uma forma geral, e o mercado da moda não ficou de fora. As pessoas mudaram seu jeito de se vestir. Afinal, e se não podem sair de casa, os hábitos de consumo também são menores.
Segundo a plataforma The Business of Fashion, uma das maiores autoridades da moda, desde a Segunda Guerra Mundial a indústria não vê uma mudança tão brusca.
É evidente que quando trabalhamos em casa, o guarda-roupa tende a mudar. Estamos focados em outros pontos mais importantes da vida cotidiana. Querendo ou não, a maioria das pessoas dá atenção à moda quando tudo está mais ou menos encaminhado. Por essa razão, é comum que em épocas de crise ela seja deixada de lado, e as pessoas passam a adotar um visual mais simples.
Atualmente, muito se fala nas mudanças que a pandemia irá causar na indústria. O que não se fala, no entanto, é o papel da moda para gestantes diante dessa crise. Queremos saber em que medida essas mudanças na moda acontecem por causa da crise, e o quanto elas impactam positiva e negativamente no mercado de moda feminina, sobretudo das gestantes? Vamos analisar.
Crises e mudanças na moda
Há quem pense que a crise causa uma mudança na moda, fazendo com que ela mude de direção. Situações como a pandemia força as pessoas a mudarem seu vestuário, e por isso mesmo, quando tudo se normaliza, elas voltam a se vestir como antes. Mas será mesmo? A verdade é que as mudanças estão acontecendo no tecido social havendo crises ou não.
Nestes tempos de covid-19, fala-se muito em casualização, ou seja, a tendência entre as pessoas de adotar um visual mais casual, mais simples e confortável. O dress code formal e muitas vezes rígido do trabalho dá lugar a roupas mais leves que conseguem manter o estilo desejado para reuniões remotas.
Há também uma procura por marcas que fornecem um propósito além do consumo puro e simples. Aliás, elas não devem apenas demonstrar isso por meio da sua comunicação e marketing, mas do dia-a-dia, por meio de ações efetivas.
Outro ponto são as compras online, que se tornaram mais necessárias, uma vez que é fácil encontrar o que se deseja e receber os produtos em casa.
Indústria afetada, mas esperançosa
Segundo pesquisa realizada pela Consumoteca, a queda no mercado foi de espantosos 78%. Além disso, quase metade (45%) das pessoas entrevistadas, deseja manter um visual mais básico após a pandemia. Enquanto isso, 36% afirma que já procura por roupas mais básicas. Esse movimento acelerou durante a pandemia, uma vez que tais mudanças já foram observadas anteriormente.
Contudo, o setor da moda foi o que mais cresceu no comércio eletrônico em 2020. Segundo estudo com mercadorias vendidas online realizada pela Me Envia, produzida pelo Melhor Envio, 19% dos produtos analisados foram de moda. As vendas subiram de 50 mil em abril para 100 mil no mês seguinte, relacionando cerca de 9 milhões de transações na plataforma.
A conclusão que podemos tirar destas duas pesquisas é que, por um lado, o setor enfrenta o desafio da adaptabilidade. Por outro lado, o mercado digital oferece grandes oportunidades de expansão para as marcas que são flexíveis neste momento.
Mercado da moda para gestantes
Na esteira dessas mudanças, a moda para gestantes não poderia ser diferente. Como nota a proprietária da loja de moda gestante, Belly Home, existe uma instabilidade no mercado feminino, principalmente da moda gestante, já que as motivações de consumo mudaram ao longo da pandemia. Agora as mulheres de uma forma geral exigem roupas casuais, consumo consciente e marcas com propósito.
Contudo, é importante notar as possibilidades para as empresas que são adaptáveis. Na moda gestante, com um mercado cada vez mais versátil, as peças são produzidas tendo em vista todos os tipos de corpos. Cabe notar, então, que a moda para gestantes já era ligada diretamente à moda comfy. As mães desejam, ao mesmo tempo, manter o conforto necessário durante a gestação e o estilo de visual que gostam.
Além disso, embora eventos catastróficos como uma pandemia costumam impactar na moda, normalmente o que se observa não é uma mudança de rumo, e sim uma aceleração de tendências.
Após a primeira guerra, as mulheres passaram a adotar um estilo mais reto, similar ao dos homens, mas não por causa dos conflitos armados. Desde o início do século XX, as roupas volumosas do século anterior passaram a dar vez para peças mais relacionadas ao ambiente industrial que se construía.
Do mesmo modo, após a segunda guerra, o mundo da moda foi abalado pelo New Look de Christian Dior, que trazia novamente a ideia da silhueta marcada e o acúmulo de panos. Parecia um retorno ao conservador devido à guerra, mas mesmo antes as mulheres ansiavam por peças que as valorizassem como mulheres.
A casualização e o minimalismo já estavam aparecendo antes da pandemia, inclusive em peças para gestantes. A adoção a esses estilos por parte dos estilistas e influenciadores se deve mais à oposição ao estilo espalhafatoso e carregado dos anos 2000 do que à crise de Covid-19. Da mesma forma, o impacto na indústria causada pelo vírus é acompanhado de uma tendência que procura um consumo mais consciente e simples.
Desafios e oportunidades
Como toda crise apresenta oportunidades, vimos que o mercado da moda evoluiu. Há momentos como esse de pandemia que faz a sociedade de uma forma geral procurar modos mais práticos e eficientes de se comportar. Por isso, a indústria segue essa tendência, tentando se adaptar a um mundo em que as pessoas desejam se vestir de maneira confortável e de maneira consciente.
As gestantes seguem a tendência da moda comfy e estão mais acostumadas a esse tipo de vestuário. Por isso não perceberão tanto o impacto da mudança da moda, mas estarão também em vista de adaptação e entendimento deste novo mundo. As marcas, no entanto, precisam entender por que precisam se adaptar e oferecer novas peças a esses consumidores evoluídos na pós-pandemia.