Videolaparoscopia é uma técnica minimamente invasiva e traz grandes benefícios à gastrocirurgia
Com o propósito de realizar cirurgias menos invasivas, o procedimento de videolaparoscopia segue revolucionando a gastrocirurgia. Isso porque a técnica garante que as cirurgias que antes precisavam de grandes incisões possam ser feitas com muito mais segurança. No caso, ela é feita por meio de pequenos furos no corpo do paciente, em vez de fazer cortes maiores.
Benefícios da videolaparoscopia
É o que afirma o Dr. Gustavo Menelau, que possui larga experiência em cirurgias por videolaparoscopia. Ele explica que nesses furos é introduzida uma microcâmera com uma luz na ponta com o objetivo de visualizar o interior do organismo e os instrumentos para realizar a cirurgia. Já as imagens da microcâmera são transmitidas para monitores de vídeo. Sendo assim, o cirurgião poderá operar os instrumentos de maneira precisa. Até agora a imagem era transmitida apenas em duas dimensões. Mas, atualmente, câmeras em 3D estão chegando para facilitar o trabalho do cirurgião.
Vantagens
Contudo, uma das grandes vantagens da intervenção por videolaparoscopia é a recuperação mais rápida do paciente, uma vez que reduz consideravelmente o risco de infecções e dores, além do tempo de internação.
Por ser minimamente invasiva, a técnica é usada amplamente para os problemas de intestino, estômago, esôfago, vesícula, apêndice, e outras aplicações. Além disso, também pode ser usada nas cirurgias bariátricas (redução do estômago em pacientes obesos).
32 anos da técnica
A técnica de videolaparoscopia é executada no Brasil há 32 anos, primeiramente, como um método diagnóstico. E com o passar do tempo evoluiu para um procedimento terapêutico.
Quando a videolaparoscopia chegou por aqui, ela utilizada pelo ginecologista Caio Parente Barbosa, professor da Faculdade de Medicina do ABC, e o gastroenterologista Thomas Szegö, sócio-fundador da Sociedade Brasileira de Cirurgia Laparoscópica e da Sociedade Laparoscópica e da Sociedade Latino-Americana de Cirurgia Videolaparoscópica.
Origem do procedimento
Em primeiro lugar, Laparoscopia é uma palavra de origem grega que significa “observar o abdômen”. Neste caso, pelo uso da câmera. Porém, antes de iniciar o procedimento em si, os médicos recorrem à anestesia geral para evitar que o paciente possa experimentar uma sensação de sufoco causada pelo uso de um gás na barriga. Ela pode ser combinada à anestesia local, peridural ou raquidiana.
Furos e o gás
Dr. Gustavo Menelau explica que em seguida, o cirurgião faz incisões de aproximadamente 1 centímetro na pele do paciente. É neste momento que se injeta gás carbônico através de uma delas para criar espaço entre os órgãos e afastá-los da parede abdominal, permitindo a visualização e a manipulação na área. O gás é absorvido após a cirurgia. Entretanto, isso pressiona o diafragma durante o processo, influenciando a respiração.

As ferramentas
O passo seguinte é a inserção de equipamentos compridos e finos pelos orifícios para realizar a operação de fato. O médico conta com uma grande variedade de tesouras e pinças. Já os tipos e a quantidade dependem da intervenção. Para a retirada da vesícula, são necessários quatro furos, e em uma cirurgia bariátrica, de quatro a sete.
Como é a recuperação
Por fim, os aparelhos são retirados e os orifícios fechados com pontos. E as cicatrizes são quase imperceptíveis. Além disso, a recuperação é muito mais rápida do que em uma cirurgia aberta. A alta costuma ocorrer quase 24 horas após o procedimento e em poucos dias já se retoma uma vida normal. Normalmente, é em torno de 7 a 14 dias, mas esse período depende muito do procedimento realizado.
Contudo, depois da videolaparoscopia é normal sentir dor no abdômen, dor nos ombros, ficar com intestino preso, sentir-se inchado, enjoado e com vontade de vomitar. Portanto, é importante descansar o máximo possível e evitar ter relações sexuais, dirigir, limpar a casa, fazer compras e fazer exercícios nos primeiros 15 dias.
Quando a videolaparoscopia é contraindicada
Por outro lado, a videolaparoscopia não deve ser feita em casos de gravidez avançada, nas pessoas com obesidade mórbida ou quando a pessoa está gravemente debilitada.
Também não é indicada em caso de tuberculose no peritôneo, câncer na região abdominal, massa abdominal volumosa, obstrução intestinal, peritonite, hérnia abdominal ou quando não é possível aplicar anestesia geral.
Miomas e endometriose
Todavia, a técnica de videolaparoscopia é bem-vinda para tratar miomas, que são massas anormais no útero e retiradas, dependendo do tamanho e de sua localização. O método ainda pode tratar a endometriose
É o que ocorreu recentemente com a cantora Anitta, que passou por uma laparoscopia para tratar uma endometriose que já afetava sua saúde há nove anos. Ela afirma que sentia dores muito fortes na região. O endométrio é um tecido que reveste a cavidade do útero. Já a endometriose ocorre quando esse tecido começa a migrar para fora do útero, em direção aos ovários e à cavidade abdominal. Os sintomas podem ser:
- cólica durante o período menstrual;
- dor durante as relações sexuais;
- dor ou sangramento intestinais e urinários durante a menstruação;
- dificuldade de engravidar.
Mas, foi graças à técnica minimamente invasiva que Anitta agora pode se libertar de dores que prejudicam sua qualidade de vida.
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