O aumento do uso de álcool e fumo na pandemia pode, entre outros impactos, ocasionar ansiedade, medo e dificuldade para relaxar
Desde março de 2020, quando foi anunciado o período de isolamento social em decorrência da pandemia de Covid-19, alguns problemas passaram a ocorrer com muitas pessoas. Entre eles: o aumento do consumo de álcool e cigarro. Consequentemente, estes fatores chamaram a atenção da classe médica.
Aumento do álcool e fumo na pandemia
Este aumento é mundial, já que muitas pessoas em casa passaram a beber e a fumar mais em seus espaços, que antes eram mais utilizados apenas para dormirem.
Em uma pesquisa intitulada “Uso de álcool e Covid-19”, publicada pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), revelou aumento do uso de álcool e fumo na pandemia. Realizada entre 22 de maio e 30 de junho de 2020 com mais de 12 mil pessoas de 33 países da América Latina e Caribe (30,8% eram brasileiros) chegou ao seguinte resultado:
- 35% dos entrevistados com idades entre 30 e 39 anos disseram que aumentaram a frequência de um comportamento chamado de Beber Pesado Episódico (BPE), que diz respeito a beber mais de 1,7 litro de cerveja, 750 mililitros (ml) de vinho ou 225 ml de destilado em uma única ocasião;
- E ao todo, 52,8% dos entrevistados que exageraram na dose disseram ter ao menos um sintoma emocional: como ansiedade, nervosismo, insônia, preocupação, medo, irritabilidade e dificuldade para relaxar.
Além disso, no caso do aumento de álcool, ele pode gerar outros impactos negativos, como o desenvolvimento de uma hepatite. De acordo com o Dr. Sérgio Mies, gastroenterologista especialista em hepatite alcoólica, o álcool em excesso pode atacar o pâncreas, o coração e o fígado.
Pesquisa da Fiocruz
Por outro lado, em um estudo da Fiocruz, apontou que 34% dos fumantes brasileiros relataram ter aumentado o número de cigarros consumidos no cotidiano durante a pandemia.
Além disso, o levantamento analisou ainda que este aumento está inteiramente ligado à deterioração da saúde mental dos tabagistas. O que também contribui para a piora de quadros clínicos de ansiedade, insônia e depressão.
Sobre esta questão, o doutor Kalil Duailibi, psiquiatra e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa, afirma:
“Não temos, no curto prazo, uma previsão de quando o isolamento social poderá ter um relaxamento consistente, então o consumo de álcool e o uso do cigarro tendem a aumentar, pois isso reflete ansiedade. As pessoas estão estressadas e deprimidas, o “beber socialmente” virou “beber frequentemente”, e o aumento no uso de cigarros é uma preocupação importante também, principalmente se considerarmos que passamos por uma pandemia em que justamente o sistema respiratório é o mais delicado.”
Ele diz ainda o quão importante é as pessoas perceberem o porquê de estarem bebendo e fumando mais:
“A partir disso, procurar ajuda profissional é fundamental, principalmente porque provavelmente teremos que lidar com mais um ano de isolamento.”
*Foto: Divulgação